Marina cobra de adversários posição sobre reforma do Código Florestal
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER DE SÃO PAULO
A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, fez cobranças neste domingo a seus principais adversários, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
Fez jus ao peso verde de sua candidatura ao condenar o "silêncio muito grande da parte dos dois candidatos em relação a essa mudança que estão propondo no Código Florestal".
Por tabela, Marina criticou as plataformas ambientais dos concorrentes. "Quem está dizendo que vai reduzir desmatamento com certeza tem que se comprometer primeiro em evitar esse estelionato ambiental."
A reforma do Código Florestal, apresentada pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deverá ser votada na Câmara só no ano que vem. Sob mira de Marina estão fatores como a redução das áreas de proteção ambiental e a anistia de até R$ 10 bilhões em multas a desmatadores.
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A presidenciável também criticou a ausência dos candidatos em debates. "Lamentavelmente, há um movimento de colocar o eleitor no anonimato. Tanto nos Estados quanto no plano federal, [eles] não se dispõem ao debate democrático." Ela se referia também ao recuo de candidatos ao governo, como Sérgio Cabral (PMDB), que não confirmou presença em debates no Rio de Janeiro.
Essa debandada, a seu ver, prejudica o acesso do eleitor "às ideias, à visão e à trajetória dos candidatos".
Na semana passada, Dilma cancelou participação em debate que seria promovido nesta segunda-feira por portais da internet (Terra, MSN, iG e Yahoo!).
Em efeito dominó, o adversário tucano desmarcou sua presença no confronto após saber que "Dilma já não ia", como afirmou ontem no Paraná. A Folha quis saber se Marina detectava descaso de Serra quanto à concorrência do PV.
"Eu diria... Não quero dizer", Marina riu e hesitou num primeiro momento. "Talvez [haja] uma certa insegurança", completou sobre a desistência do tucano.
Marina voltou à promessa de elevar os investimentos em educação de 5% para 7% (proporcionais ao PIB). Disse que o investimento médio do governo por aluno deve ser de no mínimo R$ 2.000, em oposição aos atuais R$ 1.114. "Tem-se uma clareza muito grande em torno da infraestrutura física, mas não se tem a mesma clareza de que estamos à beira de um apagão de recursos humanos."
No último Datafolha, a candidata aparece com 10% das intenções de voto, oscilação positiva de 1% em relação à última pesquisa.
PLANO DE GOVERNO
Na terça-feira, o PV lançará novo plano de governo, mas sem alterações significativas, disse sua presidenciável.
A explicação foi brecha para nova alfinetada nos oponentes: "Nossa proposta continua a mesma coisa. Estamos fazendo aquilo que já havíamos nos comprometido a fazer, diferente daqueles que apresentaram versões [Dilma] e discursos [Serra] como se fossem proposta de governo".
O encontro com Marina ocorreu num estúdio de muros grafitados do bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo --onde os programas de TV dela são gravados. Com ela estavam nove dos 11 candidatos a governador pelo PV, exceto Rogério Novaes (SC) e Luiz Bassuma (BA).
Na hora da foto, Marina se posicionou entre seu vice, o empresário Guilherme Leal, e Fernando Gabeira, aspirante ao governo do Rio e único com chances reais de se manter na disputa --ultrapassa os dois dígitos na intenção de votos, com 18% versus 53% de Sérgio Cabral, conforme pesquisa Datafolha divulgada no sábado.
A candidatura de Gabeira também tem apoio do PSDB. Ele não acredita que essa "vida dupla" possa confundir o eleitorado. "Vocês acham que eleitor fica confuso, mas ele sabe claramente. Sabe que a minha candidata é a Marina e que o Serra me apoia."
No sábado, Marina se reuniu com aspirantes do PV a governos e Senado para planejar "como vai ser nossa campanha a partir de agora, com todos oficialmente candidatos".
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